quinta-feira, 14 de novembro de 2013

MovPaz mobiliza cearenses

Clovis Nunes (MovPaz) defende o desarmamento como forma
de diminuir as consequências da violência no Brasil e no mundo 
O coordenador nacional do MovPaz (Movimento Internacional Pela Paz e Não Violência), Clovis Nunes, tem dedicado metade do seu tempo somente na implantação da Casa da Paz e na expansão da cultura de paz no Ceará e especialmente em Fortaleza. A Casa da Paz hoje, é uma realidade e funciona diariamente recebendo armas que são encaminhadas a justiça para destruição. Desde o inicio do funcionamento no final de agosto, já foram recolhidas centenas de armas dos mais variados calibre e seus antigos usuários,além de não precisarem se identificar, ainda recebem uma boa quantia em dinheiro dependendo do calibre da arma.
A campanha pelo desarmamento voluntário foi tema de audiência pública realizada, ontem,13/11, na Assembleia Legislativa do Ceará e promoveu um forte debate na Casa. Além da apresentação de índices mostrando o crescimento da violência e os riscos de se ter em casa uma arma de fogo, as divergências de opinião trouxeram à tona uma outra questão: a fragilidade dos aparelhos de segurança do Estado.Clovis Nunes,que também é membro do Conselho Nacional de Segurança Pública (Conasp), explicou que, atualmente, no Brasil, circulam 16 milhões de armas (14 milhões da sociedade e apenas 2 milhões da Polícia). Já o Ceará registra mais de 253 mil armas em circulação.Em âmbito nacional, 65,7% dos homicídios do País são cometidos por pessoas sem antecedentes criminais. "As mortes acontecem, muitas vezes, por motivos banais, como brigas de rua, discussões ou alcoolismo. Discussões essas que poderiam terminar com uso de curativos ou num posto de saúde, e não num velório, se não houvesse uma arma próxima na mão de alguém", observou Clóvis, enfatizando que o acesso fácil à arma potencializa o crime. Para ele, não passa de mito a ideia de que ter uma arma em casa é uma proteção contra a violência. "Cientificamente está provado que a arma é um excelente instrumento de ataque, mas um péssimo mecanismo de defesa", afirmou."A pauta do desarmamento é da sociedade civil, não pertence a nenhum partido", citou, lembrando que a Organização das Nações Unidas (ONU) considera tolerável o índice de seis homicídios por 100 mil habitantes, mas no Brasil essa relação é de 25 por 100 mil. "Somos os campeões mundiais em armas de fogo. Nenhum país em guerra civil mata mais no mundo do que o nosso, sem guerra", observou o coordenador do MovPaz, uma Organização Não-Governamental. Por arma de fogo, morre um brasileiro a cada 15 minutos, 96 por dia e 38 mil ano, adiantou.Já o diretor da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC) e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil seção Ceará (OAB-CE), Cândido Albuquerque, demonstrou sua descrença de que o desarmamento possa resultar em mudança no quadro de violência do País. "Não sou contra o movimento, porém é preciso colocar os pés no chão", destacou, acrescentando que a Polícia Civil, a quem compete fazer investigações, está desaparelhada.Segundo ele, é preciso, antes de tudo, repensar o modelo de segurança pública, com a destinação de mais investimentos, treinamentos de pessoal e melhores condições de trabalho.Requerida pela deputada Mirian Sobreira, atendendo à solicitação do MovPaz, a audiência pública deixou nítida a preocupação de todos com o crescimento criminalidade. Contudo, não houve consenso quanto às soluções. Cândido Albuquerque chegou a questionar a veracidade das pesquisas apresentadas.As discussões contaram com a presença de um grupo de 27 alunos do Colégio Darwin. A estudante Amanda Botelho, 17, considerou "válida" a proposta de desarmamento, mas também saiu com a reflexão de que outras medidas precisam ser adotadas. Já psicóloga da unidade escolar, Fabíola Carneiro, adiantou que o colégio crê na cultura de paz.A campanha de desarmamento é uma iniciativa do governo federal, Ministério da Justiça e da sociedade civil, representada por diversas ONGs. A sede do MovPaz em Fortaleza é a Casa da Paz, inaugurada em 29 de agosto deste ano. A Casa já recebeu 75 armas e 535 munições. O objetivo, diz Clóvis Nunes, é diminuir os índices de homicídio no Ceará.

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